
Permito-me discordar da avaliação final do resenhista. Penso que se averiguando ao longo do pensamento deuteronomista, a imagem da árvore da vida seria mais realçada como a recompensa que adviria caso houvesse a fidelidade do ser humano - temática deuteronomista, que se preocupa de forma enfática com a apostasia do povo. Assim visualizamos também como se inserem as imagens de bênção e maldição. O “comando divino” no caso, poderia ser encarado como a primeira aliança, a imagem primária da Aliança com Israel. Oséias 6.7 seria um material que embasaria tal perspectiva, onde a tradição do profeta explicita uma compreensão neste sentido.
Mettinger, Tryggve N. D.
The Eden Narrative: A Literary and Religio-historical Study of Genesis 2–3
Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 2007. Pp. xvii + 165. Hardcover.
Howard N. Wallace
United Faculty of Theology
Melbourne, Australia

O ponto de partida para este estudo foi a observação de que em ambos, os Mito Adapa e os Épico de Gilgamesh, sabedoria e imortalidade estiveram intimamente ligados. "Será que essa combinação de motivos dois textos da Mesopotâmia é capaz de lançar luz sobre a Narrativa do Éden?"(xi), considerando que a sabedoria e a imortalidade são simbolizadas pelas duas árvores na história bíblica? A relação das árvores do conhecimento e da vida no Éden tem sido frequentemente questionada por estudiosos, e foram feitas sugestões de que a sua existência indica diferentes fontes Gn.2-3 ou que são de alguma outra forma doublets[1].

Mettinger decidiu determinar por si próprio "quantos sons de árvores especiais a ecologia exegética poderia tolerar no Jardim do Prazer"(p.xi) e acima de tudo o que o(s) tema(s) da narrativa é/são. A complementaridade das duas árvores continua a ser uma hipótese de trabalho ao longo de todo o livro. Mettinger delineia novos princípios para o seu trabalho no capítulo 1. Assim também, investigando o tema da narrativa em Gn 2-3, ele pergunta se o "poeta", como ele chama o último escritor da narrativa, desenvolvera a presente narrativa a partir de uma história pré-literária sobre o primeiro homem no Éden. Tal verificação exige uma abordagem histórico-tradicional.
No capítulo 2 Mettinger compromete uma "análise narratológica da Narrativa do Éden", examinando a unidade da narrativa final, as cenas e o enredo, os personagens, e a "focalização" (ponto de vista) e voz dentro da narrativa. O enredo, conclui, é acerca de um teste divino de obediência ao comando de Deus para o primeiro homem. A árvore do conhecimento é o objeto do teste, enquanto a árvore da vida é a recompensa potencial. O resultado da desobediência é que a morte torna-se o inevitável destino da humanidade. Neste contexto, o narrador, Deus, e o leitor estão todos conscientes do teste e da existência das duas árvores. Os personagens, no entanto, sabem somente de uma proibição de comer de uma árvore. Eles não têm conhecimento da existência da segunda, a doadora-da-vida. Nesta "perfeitamente integrada" narrativa, há também uma ironia especial desenvolvida quando o conhecimento dos personagens não é igual ao do leitor e outros. Este é particularmente o caso em relação à ambigüidade da designação de diferentes árvores como "no centro do jardim"(Gn 2:9, 3:3, pp. 36-37).
No capítulo 3, o foco desloca-se para o tema da narrativa, para ser distinguido do assunto, enredo, e motivos. Embora haja uma série de motivos dentro da narrativa (especialmente morte versus imortalidade) e o assunto possa ser um teste de obediência ao comando divino, o tema tem a ver com a desobediência e suas conseqüências. A tese associada é a de que "obediência ao mandamento conduz à vida, a desobediência à morte" (64). Mettinger, com base nos trabalhos de Eckart Otto em particular, defende que existem algumas afinidades entre Gn. 2-3 e textos deuteronomistas sobre testes divinos da obediência de Israel (51-54). Ele vê uma teologia deuteronomista de retribuição que operam na Narrativa do Éden. A história oferece uma base para a humana perda do Éden análoga à explicação deuteronomista da perda da terra através da desobediência. As duas árvores no Éden representam imortalidade e conhecimento, este último em termos de conhecimento universal, uma prerrogativa divina.
O quarto capítulo discute o gênero e função da narrativa do Éden. Em uma clara e cuidadosa
