quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Lutando por Justiça: Ideologias e Teologias de Justiça Social no Antigo Testamento

Contending for Justice: Ideologies and Theologies of Social Justice in the Old Testament
Walter J. Houston.
Contending for Justice: Ideologies and Theologies of Social Justice in the Old Testament. Library of Hebrew Bible/Old Testament Studies 428. Rev. edn. London: T. & T. Clark, 2008. xxi + 274 pp.


Esta é uma revisão de um livro do mesmo título, que foi originalmente publicado em 2006. Como Walter Houston explica no prefácio, a oferta pelos editores para a produção de uma edição de bolso possibilitara a oportunidade de incorporar novas idéias e modificar algumas de suas interpretações anteriores. A comunicação com o estudioso israelense Avram Faust da Universidade Bar-Ilan tinha impactado a sua opinião, o que levou Houston fazer algumas mudanças, mais notadamente para o segundo capítulo.

O autor é um Professor Emérito no Mansfield College, Universidade de Oxford, e um Professor-Pesquisador Honorário na Escola de Artes, Histórias e Culturas da Universidade de Manchester. Durante as últimas duas décadas, ele publicou vários textos de fundo relacionados com a ética social do Antigo Testamento. Partes dessas publicações anteriores reaparecem neste trabalho. Houston oferece uma análise detalhada de um largo campo de textos e
insights apropriados de estudos de ciências sociais, em especial o trabalho de Ronald Simkins sobre clientelismo no antigo Israel (embora de uma forma mais sutil do que na primeira edição).

No Capítulo 1 ("Textos e Contextos"), Houston enuncia os focos gêm
eos de “Lutando por Justiça”. Seu pressuposto mais básico de trabalho é indicado na linha de abertura do livro. Este trabalho é uma "tentativa de compreender textos concernentes à justiça social no Antigo Testamento, ou Bíblia Hebraica, como discurso com finalidade persuasiva na identificação de situações sociais na sociedade antiga"(p. 1). Portanto, Houston toma por sua tarefa principal a de reconstruir as configurações de classe, interesses e conflitos de quem produziu os textos éticos do Antigo Testamento (Nota subtítulo do livro: Ideologias e Teologias da Justiça Social no Antigo Testamento).

A literatura que temos diante de nós, acredita ele, teria sido escrita por elites, e não pelos camponeses que compunham a maioria da população, no entanto, é evidente que o que é encontrado no Antigo Testamento é empático aos menos afortunados (e isto não seria de surpreender dentro de um sistema de clientelismo que estava funcionando corretamente). Em segundo lugar, como um cristão, ele está convencido de que, embora o Antigo Testamento tem visões éticas inevitavelmente ligadas aos seus diversos contextos, também tem uma palavra que transcende as posições sociais e épocas: "Minha convicção central deste livro é que o conhecimento das raízes sociais das idéias da Bíblia e da linguagem da teologia social e da moralidade e os fins sociais que eles servem nos permitem discriminar entre eles, e reconhecer aqueles com raízes mais profundas do que as necessidades do momento e os interesses da classe hegemônica "(p . 15). Essa realidade “mais profunda" que a Bíblia busca, e a qual Deus defende em todos os tempos e lugares, é a justiça social; é aí que reside o seu valor teológico em curso e relevância ética (daí o título, “Lutando por Justiça”).
 
O capítulo dois ("O Contexto Social da Antiguidade") apresenta a compreensão de Houston da realidade social do antigo Israel. É nesta conjuntura que a influência de Faust é mais evidente.
O capítulo começa com uma discussão sobre a vida da aldeia, que destaca os pontos comuns e diferenças regionais, alguns dos quais envolvendo a posse da terra e relações com as áreas urbanas. O resto do capítulo é um útil e criterioso exame e avaliação de diversos modelos da dinâmica social e as estruturas do antigo Israel e Judá. Ele considera quatro em cada turno: o capitalismo rentista (O. Loretz, B. Lang), sociedade de classes antigas (H. Klippenberg), o estado tributário (N. Gottwald e outros), e o clientelismo do sistema sócio-cultural (R. Simkins).

Houston critica o que ele sente que s
ão os erros e excessos de cada um. Sua reconstrução do contexto é que durante o período monárquico não houve estabelecimento de latifúndios em detrimento dos pobres e nenhuma economia controlada centralmente, como a vida na cidade em muitos lugares, continuou sem muitas interferências. Os reinos do Norte e do Sul, acredita ele, surgiram de sociedades segmentares com um impulso igualitário, e muitas zonas rurais teriam continuado com as estruturas tradicionais de parentesco, embora nesse tempo as cidades e centros administrativos ficaram cada vez mais estratificados. As mudanças drásticas teriam vindo como o resultado do impacto dos impérios que regeram esta área sob status de vassalagem ou eventualmente conquistaram-na.


domingo, 6 de setembro de 2009

Como a Ressurreição Faz Sentido?

Como entender a esperança cristã da ressurreição do corpo no contexto da ciência moderna? Um físico e Membro da Royal Society, e sacerdote anglicano, explica como ele traz suas pesquisas científicas para dar suporte a sua fé pascal. John Polkinghorne fora outrora presidente do Queens' College Cambridge.

Que é uma pessoa humana? Uma batidinha de leve na cabeça com um martelo vai mostrar que nós dependemos de uma forma essencial em nossos corpos. Portanto, somos simplesmente organismos, seres puramente materiais? E sobre a alma? Em muito na história do pensamento cristão, e em muito na piedade popular, as pessoas têm o pensamento de si como se fossem anjos noviços. Nesse caso, o "verdadeiro eu" seria um componente espiritual, aprisionado em um corpo, mas aguardando libertação com a morte. Hoje, essa é uma crença cada vez mais difícil de sustentar.



Estudos de danos cerebrais e os efeitos das drogas mostram como nossas personalidades são dependentes do estado do nosso corpo. Charles Darwin ensinou-nos que a nossa ascendência é a mesma que a dos outros animais. A Terra foi uma vez sem vida e a vida parece ter surgido a partir de interações químicas complexas. Muitos cientistas pensam que nós não somos nada,mais que coleções de moléculas e eles escrevem livros populares para afirmar esta crença.

No entanto, isso também é uma coisa muito esquisita para se crer. Poderia apenas um monte de produtos químicos escrever Shakespeare ou compor “O Messias” de Handel, ou descobrir as leis da química, para essa questão? Há algo mais para nós do que o meramente material.
No entanto, o que quer que o algo extra seja, de forma segura é intimamente ligado ao nosso corpo. Nós somos um tipo de “conjunto de códigos”, mente e corpo intimamente relacionados e não inteiramente destacáveis um do outro. É um enigma.

Curiosamente, uma pista sobre como lutar com o problema pode ser oferecida a nós pela própria ciência moderna. Pois um novo tipo de paradigma científico está em cena. É chamado de
"
teoria da complexidade"; estudemos exemplos particulares até apenas o alcance do estágio da história natural.

Físicos naturalmente começaram por considerar os mais simples sistemas disponíveis. Afinal, eles serão mais fáceis de entender. Recentemente, o uso de computadores de alta velocidade ampliou nossa gama científica. Como sistemas complexos começaram a ser explorados, uma realização inesperada ocorreu. Frequentemente esta acabara tendo um comportamento bastante simples, em geral ordenada em algum padrão surpreendente.

O aquecimento de água em uma panela pode fornecer um exemplo. Se o calor é aplicado com cuidado, a água circula a partir do fundo de uma forma notável. Em vez de apenas fluir daí de qualquer maneira, ela forma um padrão de células hexagonal, um pouco como um favo de mel. Este é um fenômeno espantoso. Trilhões de moléculas têm de colaborar e se mover juntas, a fim de gerar o padrão. O efeito é um exemplo simples de um novo aspecto da natureza que os cientistas estão apenas começando a aprender.

Tradicionalmente, os físicos pensaram em termos de bits e peças que compõem um sistema complexo. O intercâmbio de energia entre esses bits e peças parece extremamente complicado. Acontece, porém, que se você pensar sobre o sistema como um todo, pode haver esses padrões de comportamento global notavelmente ordeiro. Em outras palavras, existem dois níveis de descrição. Um envolve energia e bits e pedaços. A outra envolve todo o sistema e seu padrão. Neste segundo nível, usando linguagem computacional, poderíamos dizer que o que temos de refletir a respeito é sobre a informação que especifica o padrão.

Nós nos acostumamos com o conceito de ciberespaço - o domínio da informação acessível através de nossos computadores. Esse mundo é um artifício humano, um mundo de realidade virtual. Estamos tão habituados à idéia, de fato porque é tão inconscientemente familiar, que vivemos em um mundo de intrínseca capacidade de geração de informação, o mundo da realidade verdadeira e assim o mundo da criação de Deus.